04/11/1839 - BATISMO DE FOGO DE ANITA GARIBALDI

ao anoitecer de 20 de outubro de 1839, o "Rio Pardo", com Anita já a bordo, levantou âncora do surgidouro da Laguna, comboiado pelo "Seival" e a "Caçapava" , depois de ter Garibaldi iludido a vigilância de um patacho de guerra imperial que bloqueava as proximidades da barra.
Mas, no dia 28 de outubro, avistado por um brigue imperial, sob o comando do capitão de fragata Leal Ferreira, dentro em breve Garibaldi foi posto à caça pelos barcos de guerra governamentais.
De escaramuça em escaramuça e afrontando um temporal em que se extraviou a "Caçapava", logrou retornar à costa de Santa Catarina, onde se abrigou na enseada de Imbituba, com o casco do "Rio Pardo" avariado e com o rodízio do "Seival" inteiramente desmontado, pela artilharia inimiga.
Ali preparou a resistência levantando em terra trincheira com um canhão do "Seival" e apresentando o "Rio Pardo" para combate.
Na manhã de 4 de novembro, dois brigues-escunas e um patacho imperiais surgiram em frente à enseada de Imbituba e em bordadas sucessivas atacaram o "Rio Pardo" e a bateria de terra, que responderam vigorosamente ao fogo recebido.
Dentro de algumas horas, porém, o "Rio Pardo" tinha a tolda cheia de cadáveres, de mutilados e de feridos; o costado crivado de rombos, o aparelho cortado pela metralha.
Dentre os combatentes estava Anita, que antes se recusara a ir para terra e, naquele instante ajudando a escovar as peças de artilharia e de carabina em punho se batia avermelhada pelo sangue com que suas vestes se embeberam no socorro aos feridos.
Anita, no combate de Imbituba, se transfigurara aos olhos do homem que a possuíra e, daí em diante, como se pode ler, alias, nas próprias Memórias de Garibaldi, já não era apenas para ele a carne da sua carne, mas o espírito do seu espírito, e nunca mais rom-periam essa intimidade até a morte de Anita.
O combate de Imbituba se prolongou até à noite, quando a esquadra legal se afastou para o largo, cautelosa do N. E. que passou a soprar rijamente e ameaçava empurrá-la sobre os baixios da costa.
De noite, manda Garibaldi enterrar os mortos, enviar por terra os feridos para Laguna e deitar fogo às presas que havia descarregado.
Iludidos com as fogueiras e pensando que Garibaldi incendiara os seus navios, por ver-se perdido, retiram-se os barcos imperiais. E, assim, alta madrugada, o "Rio Pardo" e o "Seival" escapam para Laguna, onde, formados com a "Caçapava", a "Itapirica", o "Lagunense" e a "Santana", preparam a resistência às forças legais, depois de artilhada a entrada da barra.

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